terça-feira, 18 de outubro de 2016

A Teoria por trás dos Drives comportamentais

Visando trazer um pouco mais de conhecimento técnico para nossos leitores e assim conseguirmos ter animais melhor preparados e cada vez mais competitivos para nosso esporte, trazemos esse artigo que fala a cerca do comportamento canino. Gostaria muito que caso venha a surgir duvidas, que elas sejam postadas aqui e assim possamos crescer juntos em conhecimento com os debates. Boa leitura.
.
                                
Entendendo o Porquê do Comportamento Canino



Quando você faz um bolo, pode começar com apenas alguns ingredientes básicos. O bolo que vai resultar disso depende de como você vai usar cada um deles e sua propriedades inerentes. Nesse sentido, drives comportamentais são bastante semelhantes. Usar esses elementos básicos do comportamento parece óbvio e simples, mas, pela forma em que podem ser misturados e moldados, e de acordo com as prioridades, você pode encontrar uma diferença considerável nas atitudes e respostas dos cães a uma variedade de situações. Adicionalmente, esses drives podem ser influenciados ou alterados. Um cão que não possui um drive de brincadeiras particularmente forte, por exemplo, pode com certeza ser encorajado a ser mais brincalhão. Esse preâmbulo indica que, embora os ingredientes sejam simples, sua variedade torna a interpretação bastante complexa, e, digamos, interessante, na maior parte do tempo

Drives de Comportamento são essencialmente instintos que influenciam como o seu cão vai reagir a uma dada situação, ou estímulo. Estes são todos influenciados pela genética e pelo ambiente, a velha questão de natureza/ criação que muitos de nós já conhecemos. Para influenciar o comportamento, deve-se tentar manipular esses drives (dar ao cão um biscoito quando ele senta sob comando está usando o drive de comida, por exemplo). Esses elementos comuns a todos os cães (e a outras espécies, por sinal) são o que torna o comportamento animal uma ciência.

Entender como encorajar (ou desencorajar) certos comportamentos ou drives é a habilidade que todos os adestradores procuram.

O homem primitivo reconhecia certas habilidades nos cães que resultavam em velocidade, habilidade de rastreio, habilidade de caça, habilidade de guarda e outras ainda, que eles encorajavam através da reprodução seletiva e do treinamento. Todos esses atributos eram o resultado de uma combinação específica de drives comportamentais. Esses drives básicos, matilha, brincadeira, caça, comida e defesa, ainda determinam os elementos fundamentais das escolhas com que nos deparamos em nossos cães hoje.

Muitos livros e artigos comungam do entendimento de que cães são animais de matilha. Eles preferem um estilo de vida social, construído ao redor de outros, que nós humanos chamaríamos de família. Essa verdade nem sempre clareia o fato de que cães variam nos seus drives de matilha, ou que sua estrutura de matilha não é estática. Por exemplo, o trabalho desempenhado por Cães de Faro ou Terriers difere grandemente em seu senso de independência daquele de um Retriever ou Pastor. Geralmente, as raças (ou tipos) que foram desenvolvidos para trabalhar mais próximos aos humanos exibem maior comportamento de matilha, e assim, pelos padrões de muitas pessoas, recebem rótulos, como “maior desejo de agradar” ou até mesmo de mais inteligentes que cães mais independentes. Isso acaba sendo injusto, uma vez que, como no exemplo dos Cães de Faro, a diferença, muito provavelmente, não é de inteligência, mas da capacidade do “treinador” de motivar. Drive de matilha mais baixo ou maior independência significam que companhia e atenção não costumam estar bem cotadas como motivadores.

A maior parte das pessoas se surpreenderia ao saber que cães precisam aprender como brincar. De fato, de todos os drives listados, o drive de brincadeira para ser o que não é parte inerente do genótipo de todos os cães. Para lobos e outros canídeos selvagens, a brincadeira é o mecanismo educacional dos filhotes. Nos seus esforços de dar o bote, seguir, pular e lutar, eles estão desenvolvendo as habilidades necessárias à sobrevivência. Para cães domésticos, esses comportamentos não são tão cruciais, e como os filhotes são freqüentemente separados de sua ninhada e de sua mãe numa idade jovem demais para ter uma oportunidade de aprimorá-los, cabe à sua nova matilha ajudar a desenvolver isso, se é que o farão.

Um cão que possua um forte drive de caça freqüentemente reage a virtualmente qualquer coisa que se mova. Seja uma brincadeira de pega-pega, um cabo-de-guerra, ou caçar insetos, o drive encontra uma forma de se expressar. O drive de caça é o que faz um Cão Pastor trabalhar tão liricamente, e um Cão de Faro “cantar”, ele está por trás de muitos dos comportamentos que foram priorizados por muitas gerações. A visão do cão, ajustada para movimento a distâncias muito além de nossas capacidades, e seu senso de olfato, que está além da nossa compreensão, são a base do estímulo sensorial da maior parte dos comportamentos de caça. O Drive de Caça é um componente importante para muitos aspectos da personalidade de um cão, seu comportamento social, trabalho e brincadeira. Um forte drive de caça combinado com socialização e práticas de treinamento positivas geralmente resulta em alguns dos superstars do mundo canino, cuja capacidade e desejo de trabalhar parecem ilimitados

O drive de comida parece tão óbvio que praticamente não precisa de comentários. Ainda assim, dentro do mundo dos cães, há um abismo entre o cão que é fortemente motivado por comida, e aquele que não o é. É alguma coisa além de paradoxal que aquelas raças que nós consideramos terem baixo drive de comida também possuam baixo drive de caça e sejam tipicamente agrupadas como difíceis de treinar, ou até mesmo chamadas de menos inteligentes? Ou é mais provável que sua falta de drives nessas áreas para as quais a maior parte dos treinadores olha primeiro (elogios e comida) possa não ser extremamente motivante? Independentemente, usando comida ou não, todo o cão aprecia algum dos motivadores de que o adestrador possa se valer.
Cães primitivos (e homens primitivos também, nesse sentido) sabiam o valor de uma boa defesa. A sobrevivência poderia ser determinada pela resposta apropriada a uma situação de ameaça, como muitas que provavelmente ocorriam. O drive de defesa pode apresentar diversas manifestações. Muito da variabilidade pode ser baseada na confiança e ansiedade sentidas pelo animal.
Um animal com alta ansiedade e baixa confiança pode ganir e urinar submissivamente numa situação em que outro cão com um senso de confiança ligeiramente diferente, ou maior senso de ansiedade poderia escolher atacar. Para cães capazes de administrar seu drive de defesa e lidar com a ameaça de forma adequada, a socialização e as experiências variadas são cruciais. Um cão que teve a oportunidade de experimentar muitas coisas vai estar numa posição muito melhor para decidir quais delas representam ameaças, e quais são simplesmente novas.

Adicionalmente, os drives de defesa podem incluir comportamentos simples como evitar ou até mesmo se esconder (eles sabem que está na hora do banho…). Esse drive básico instintivo, de evitar e prevenir o desagradável, está baseado no instinto de sobrevivência. Assim, ajudar seu cão a aprender a aceitar a apreciar um ampla variedade de experiências pode assegurar que as respostas dele sejam adequadas. Geralmente se refere a respostas inadequadas nos casos de agressão por timidez, ansiedade ou medo, postura agressiva, entre outros.

          Embora você possa ter apreciado aprender sobre esses componentes básicos do comportamento canino, por favor não saia por aí tentando avaliar o seu cão, ou, ainda pior, não tente analisar cada cão que você pensar em adotar com relação aos méritos de seus drives! Fazer isso seria um grave desserviço para você e para o cão em questão. Por exemplo, se é um cão que você está considerando para adoção, é bem provável que outros componentes como confiança e dominância na situação de adoção teriam importância nos drives que você iria observar. No caso dos cães que já fazem parte da sua família, esses drives podem ter sido influenciados pelo ambiente que você oferece. Ao invés disso, ler isso coloca você em uma posição de ser capaz de entender melhor o seu cão, responder aos comportamentos que ele oferece e construir um maior e melhor nível de comunicação.
A cópia total ou parcial deste artigo só deve ser realizada com a permissão de seu autor, informando a fonte e nome do autor.

Extraído e livremente traduzido de: http://www.digitaldog.com/behaviorintro.html
Traduzido/Adaptado por: Débora Leão

Publicado em 22 de abril de 2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário