sexta-feira, 22 de abril de 2016

Histórico do APBT

Histórico

É de consideração geral que assim como o Bull Terrier e o Staffordshire Bull Terrier, o Pit Bull atual tenha vindo dos antigos Bull-and-terrier. Porém, alguns estudiosos da raça, acreditam que o Pit Bull é praticamente uma réplica viva dos antigos Bulldogs e que durante esse tempo, o Bulldog tenha sido apenas selecionado para fighting e não sofrido cruzamento entre raças.
Os Pit Bulls foram levados aos EUA pouco antes da Guerra Civil e lá a raça se solidificou e de 1880 em diante as rinhas de cães se tornaram profissionais. O que contava na seleção dos cães não era o porte, nem o peso e nem a cor, o que contava mesmo era a tão famosa "Gameness". Esse termo, que é muito usado até hoje, representa a qualidade do cão de nunca desistir de alguma tarefa que tenha iniciado. É persistência, é nunca se render, mantendo o controle mesmo sob forte pressão, o que facilita aprender novas técnicas durante a luta.
Todo o trabalho de seleção feito na Inglaterra e Irlanda foi de fundamental importância para a consolidação da raça, porém é muito claro que houve uma maior evolução na América, devido a diferenciação em termos de funcionalidade em relação aos cães de combate que ficaram na Europa. Ao passo que os criadores europeus passaram gradativamente a direcionar o plantel para exposições, distanciando-se cada vez mais da função de combate, o novo plantel americano passa a ser sistematicamente cruzado em função a atender o ideal de cão de combate. As famosas linhagens se consolidaram nesse período, e tem início em 1880.
As linhagens eram cães frutos de cruzamentos consangüíneos não divulgados por determinados criadores, que passavam a fórmula somente aos descendentes. Essas linhas de sangue geravam proles com características específicas e que iam evoluindo conforme três fatores difíceis de controlar: a melhora no combate, a combinação correta nos cruzamentos e a perpetuação dessas características por diversas gerações. Talvez pelo fato de haver um menor número de opções para cruzamento que na Europa, os criadores americanos lançaram mão de um artifício que ajudou a distinguir bastante as linhagens: o imbreeding. Essa técnica serve acima de tudo para fixar caracteres nas proles, e consiste em cruzar cães com alto grau de parentesco.
Como alguns colonizadores trouxeram linhagens já iniciadas na Grã-Bretanha e não tinham exemplares da mesma linhagem para cruzamentos, lançaram mão desse artifício e fixando cada vez mais as características combativas. Dessa época originou-se o verdadeiro Red Nose, que na verdade é um conjunto de linhagens com origem em comum denominada Old Family Red Nose. Uma antiga linhagem irlandesa, devido ao imbreeding, começou a apresentar uma característica recessiva, que era a trufa avermelhada. No início do século, um criador chamado William J. Lightner baseou-se nessa linhagem e iniciou um plantel baseado não pela cor da trufa e sim pela eficiência em combate a partir do cruzamento inicial Lightner Vicky x Lightner Pansy.
Outro criador que também foi pilar nesse conjunto de linhagens foi Com Feeley. Esse fato não quer dizer que atualmente todo cão Red Nose é descendente dos Old Family, pois além dessa característica poder se manifestar em cães de outras linhagens, os próprios Old Family Red Nose foram cruzados com outras linhagens posteriormente. As linhagens que podem com propriedade serem chamadas de Old Family Red Nose são: Hemphill / Wilder, Red Devil, Clouse, Sarona e outras que possuem um percentual elevado dessa linhagem. Três exemplos de cães que serviram de base para diversas linhagens e confirmam que sempre o interesse maior era eficácia em combate, pois os três foram reprodutores apesar de serem agressivos com pessoas.
Temos como apogeu dessa evolução a década de 50/60, onde criadores como Floyd Boudreuax, Dan Gibson e John Colby elevam a especialização em combate dos Pit Bulls a níveis jamais vistos. Nesse período, as linhagens tem um nível de homozigose tão alto, que são praticamente raças distintas em termos de fenótipo. É claro que os aspectos de agilidade, masseter levemente pronunciado, cintura esgalgada e aspecto rústico ainda unia essas linhagens, porém podemos notar nitidamente diferenças entre cães Red Boy e Boldreaux, por exemplo. O line breeding era muito usado, e só a partir da década de 70 os criadores percebem a necessidade de outcrosses para corrigir defeitos e inserir qualidades. A característica americana de competitividade foi certamente um fator determinante para a evolução da raça, e movidos por isso os criadores da década de sessenta buscam obsessivamente alguns fatores em comum que são:
- tenacidade na mordida;
- intolerância com qualquer animal (inclusive do sexo oposto);
- alta dominância;
- exclusão dos sinais externos de agressividade(pêlos arrepiados e dentes à mostra);
- não reconhecimento de sinais de submissão do adversário;
- resistência a dor;
- resistência física;
- cicatrização rápida;
- agressividade direcionada somente a outros cães;
- estabilidade psicológica em situações de combate, ao ponto de não morder ao ser manuseado em combate;
- capacidade de passar todas qualidades para a ninhada;
- adaptação à confinamento e acomodações rústicas.
A partir dos anos 80 os combates chegam a níveis altíssimos, não só de perfeição genética como pelos altos montantes de dinheiro envolvidos, que os criadores passam a buscar outras qualidades além das citadas:
- combinação exata de cruzamentos de linhagens já consagradas para otimizar e o plantel;
- especialização em cães com estratégias específicas como mordedores de focinho, mordedores de patas, cães que sacodem quando mordem, cães que estrangulam, etc.
Além de todos esses itens, os treinamentos e condicionamentos passam a ser cada vez mais abrangentes, pois os combates passam a durar até 2 horas. Hoje, com a popularização das melhores linhagens e consequentemente a nivelação de plantéis, a carga genética deixa de ocupar a maior parcela na fórmula para dar lugar ao treinamento, e temos exemplos de cães filhos de campeões que deixaram a desejar sendo sobrepujados por adversários com linhagens não famosas, porém com um treinamento adequado. Um fato pouco divulgado é em relação à seleção por temperamento. Alguns autores, baseados em informações um pouco distorcidas dos criadores dispostos à valorizar seu plantel, afirmam que todos os filhotes com agressividade voltada as pessoas eram sacrificados. Alguns pontos devem ser observados: esse tipo de característica só se manifesta a partir de 1 ano e os cães só eram testados a partir de, no mínimo, 1,5 ano. Caso o cão fosse agressivo com pessoas, porém bom combatente, ele era castrado e não sacrificado. Só eram sacrificados cães realmente sem controle e com uma condição: se ele não fosse eficaz no combate. Ou seja, temos casos de cães Ch. e Grand Ch. como Indian Bolio, Adam Zebo e Chinamam que eram agressivos com pessoas, mas tão bons em combate, que sequer foram castrados.
Uma outra constatação é da acentuação do temperamento de combate em relação aos cães e outros animais. No início do século temos pinturas e informações que indicam que os Pit Dogs eram usados em outras tarefas diárias como caça e guarda e circulavam livres entre cavalos, vacas e galinhas. Esse fato é pouco provável se tomarmos algum exemplar de combate moderno que tem total aversão a qualquer animal.
Outra característica americana, a de aumentar o tamanho das raças, passa a ser aplicada de forma um pouco mais moderada nos criadores que testam seus plantéis. Os cães que tinham em média 18Kg, passam a pesar até 24Kg, pois surgem eventuais combates sem divisão de peso e contra raças como Perro de Presa Canário, Dogo Argentino, Perro Pampa, Tosa e mestiços que pesam em média de 35Kg a 40Kg. É importante deixar claro porém, que até hoje não temos notícia de melhor relação peso/eficácia/resistência que fujam dos 21Kg (com tolerância de 2 quilos acima ou abaixo) para os machos. É também a partir do final da década de 70 que a proibição dos combates e a repulsa da sociedade pela brutalidade começa a difundir a raça em países como o México e Costa Rica e finalmente nos anos 80 países como a antiga União Soviética, América do Sul, China e Países do leste europeu onde a lei é mais negligente nesse aspecto. Junto com os EUA, o leste europeu, China e Rússia tornaram-se novos centros de evolução, tendo como base as já consagradas linhagens e além disso gerando outras novas combinações.
Bibliografia: www.revengekennel.cjb.net
Padrões da Raça

Para apoiar as atividades dos pit dog men (pessoas que lidam com cães de rinha) em 1898 foi fundado o United Kennel Club, o UKC, por Chauncey Z. Bennett. Foi esse clube que começou a registrar o bulldog de briga com o nome de Pit Bull Terrier, que na época também era conhecido como yankee terrier, bulldog, pit bulldog, pit dog, american bull terrier, gamedog entre outros. Alguns desses nomes ainda são utilizados coloquialmente por alguns criadores norte americanos.
O UKC também regulamentou as regras das rinhas profissionais na época.
Nas décadas de 1910 e 1920 a rinha de cães viveu seu período de maior prosperidade nos Estados Unidos. Mais tarde, com a proibição das rinhas, o UKC revisou seu padrão, visando o desenvolvimento do Pit Bull para exposições.
Em 1909 foi formado o American Dog Breeders Association, o ADBA, com a opinião de que o UKC não estava fazendo o trabalho de preservar a raça como deveria ser preservada. O objetivo do ADBA era o de registrar, promover e preservar o tipo original do Pit Bull, o estilo de fighting, e isso é mantido até hoje.

Um comentário:

  1. O artigo me pareceu meio complacente com rinhas de pitbull. Algo cruel e demoníaco.

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